Carnaval

É carnaval lá fora desde o começo do mês. Eu sei, eu sei. E pra ser sincera, hoje venho dizer pra vocês que desde lá eu quase nem dei ás caras na janela para dizer um oi pro mundo lá fora. E por incrível que pareça, nem se quer me passou pela cabeça ainda a possibilidade de cair na folia esse ano. De certa forma isso me faz triste e feliz ao mesmo tempo. Não, eu não sou bipolar ou nenhuma outra coisa do tipo. É uma questão que entra em conflito. Pensa comigo: Não é engraçado que, com tanta alegria, folia e diversão em vários dias seguidos nos centros das cidades e em vários locais do país, eu não esteja lá no meio ou não sinta vontade de estar? É como se estivesse perdendo algo que não deveria. Ou será que realmente não deveria? Fica a pergunta no ar. E nesse momento de folia me faz lembrar de um GRANDE SENTIMENTO.

 Eu a conheci quando tinha 10 anos. A própria vida se encarregou de nos apresentar. De repente eu comecei a ver nela minha melhor amiga e amá-la incondicionalmente. Sim. Gostar é muito pouco, eu a amava. A meu ver não conseguia mais viver sem ela. Todavia, meus pais reprovavam nossa amizade, todos queriam tirá-la de mim, então não tivemos outra solução a não ser manter nossa amizade em segredo, mas quando isso se tornou praticamente impossível de esconder, a loucura inundou todo meu ser. Ela era tudo que eu precisava. Tudo que eu mais queria naquele momento. Quando me mantinham longe dela as coisas saiam de controle, ficava agressiva com todos ao meu redor, me mutilava até escorrer sangue dos meus braços. Por que eu fazia isso? Eu tinha uma melhor amiga que cessava minha solidão e enlouqueci quando percebi todos fazendo de tudo para me deixar longe dela. Hoje tenho 16 anos, cheguei a ir diversas vezes para o hospital por causa dela. Amigos que tinham tudo para ser eterno desistiram de mim. Família nunca mais foi como antes, porém não me atrevo mais a chamá-la de amiga, chamo-a de anorexia. Aquela que devo meu amor, meu ódio, minha vida e minha prisão que a qualquer momento que eu me descuidar, pode me levar à morte.